PM que matou marceneiro negro por engano trabalha no mesmo batalhão de agentes envolvidos no assassinato de aluno de medicina

  • 10/07/2025
(Foto: Reprodução)
Policiais vão passar nesta quinta (10) por audiência de instrução para decidir se vão a júri popular pela morte do estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos. Família de estudante morto por PM pede por Justiça O policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, acusado de matar um marceneiro negro com um tiro na cabeça após confundi-lo com um assaltante na última sexta (4), trabalha no mesmo batalhão de Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, agentes envolvidos no assassinato do estudante de medicina em um hotel. Os três estão lotados na 2ª Companhia do 12° Batalhão, localizada na Vila Clementino, na Zona Sul de São Paulo. Após os homicídios, eles foram afastados de suas funções e cumprem atividades administrativas, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). Nesta quinta-feira (10), os PMs Macedo e Prado vão passar por audiência de instrução no Fórum Criminal da Barra Funda que vai decidir se eles vão a júri popular pela morte do estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos. Estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta foi morto por PM com tiro à queima-roupa (esquerda); Marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira foi morto com tiro na cabeça após PM confundi-lo com assaltante. Montagem g1/Reprodução Em 20 de novembro do ano passado, o jovem foi assassinado com um tiro a queima-roupa, disparado por Macedo, na portaria de um hotel na Vila Mariana, na Zona Sul da capital. O crime foi registrado por uma câmera de segurança do saguão. No dia, os policiais estavam em patrulhamento pelo bairro quando o estudante de medicina, que caminhava pela rua, deu um tapa no retrovisor da viatura e correu para o interior do hotel onde hospedado com uma mulher. Marco Aurélio foi perseguido pelos policiais até o saguão, onde PM Macedo atirou na altura do peito dele. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Prado e que apresentava comportamento agressivo. O jovem foi levado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento. Ele era o filho caçula de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros que se mudou para o Brasil há mais de duas décadas. PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul de SP Morte a 'sangue-frio' Colega de batalhão dos PMs Macedo e Prado, Fábio Anderson Pereira de Almeida estava de folga quando matou o marceneiro em Parelheiros, na Zona Sul da capital. Guilherme corria para pegar o ônibus de volta para casa, quando foi atingido por um tiro na cabeça. Na mochila, ele carregava apenas um livro, marmita, talheres e a roupa de trabalho. A viúva dele afirma que ele foi assassinado a "sangue-frio" e pelas costas por ser negro. Conhecido entre colegas e familiares pelo comprometimento com o serviço e pela dedicação à família, o jovem atuava como marceneiro em uma fábrica de móveis há quase três anos. No boletim de ocorrência, o PM alegou que teria confundido o jovem com um assaltante. Ele afirmou que pilotava uma moto pela Estrada Ecoturística de Parelheiros quando foi abordado por suspeitos armados que tentaram roubar a motocicleta. Na versão Fábio, ele teria reagido com disparos e, durante a confusão, um dos tiros acertou Guilherme. O policial chegou a ser preso em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mas pagou fiança de R$ 6,5 mil e foi liberado. LEIA MAIS: Quem era Guilherme Dias, marceneiro negro assassinado com tiro na cabeça por PM de folga 'Só porque é um jovem negro e corria para pegar o ônibus', diz viúva de jovem morto por PM com tiro na cabeça por engano Guilherme e a irmã Natália em festa de aniversário no dia 28 de junho. Arquivo pessoal Mortes por PMs Desde o início da gestão do governador Tarcísio de Freiras (Republicanos) até julho deste ano, ao menos 1.997 pessoas foram mortas pela Polícia Militar no estado de São Paulo — uma média de mais de uma morte por dia. Somente entre janeiro e 4 de julho deste ano, foram registradas 366 mortes. Os dados são do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do Ministério Público de São Paulo. Segundo a SSP, de 2022 a abril de 2025, 463 policiais militares foram presos por faltas graves, incluindo casos de homicídio. No mesmo período, 318 PMs foram demitidos ou expulsos da corporação. Procurada, a pasta afirmou em nota que "não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta por parte de seus agentes". Ainda disse que "todos os casos são rigorosamente apurados pelas corregedorias das polícias e por unidades especializadas, com respeito à legislação vigente".

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/07/10/pm-que-matou-marceneiro-negro-por-engano-trabalha-no-mesmo-batalhao-de-agentes-envolvidos-no-assassinato-de-aluno-de-medicina.ghtml


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