Ministério Público denuncia por feminicídio marido e sogra de professora morta envenenada no interior de SP

  • 01/07/2025
(Foto: Reprodução)
Luiz Antônio Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, podem virar réus, caso a Justiça aceite denúncia. Garnica também pode ter de responder por fraude processual porque alterou cena do crime, diz MP. MP denuncia médico por atrapalhar cena do crime em caso Larissa O Ministério Público (MP) denunciou à Justiça, nesta terça-feira (1º), o médico Luiz Antônio Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, pela morte por envenenamento da professora de pilates Larissa Rodrigues, em março deste ano em Ribeirão Preto (SP). Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, marido e sogra da vítima, que estão presos desde 6 de maio, foram denunciados por feminicídio com três qualificadoras: uso de veneno, motivo torpe e cruel mediante simulação e uso de recursos que dificultaram a defesa de Larissa. Além disso, Garnica também foi denunciado por fraude processual, por ter alterado a cena do crime no dia em que a professora foi encontrada morta no apartamento dela, ainda de acordo com o MP. A denúncia cita que o médico planejou o crime porque passava por problemas financeiros e se recusava a aceitar se divorciar da esposa e ter que fazer a partilha de patrimônios, depois de ela descobrir um relacionamento extraconjugal que ele mantinha. "A questão patrimonial tornou-se um dos pontos centrais de preocupação para Luiz Garnica, conforme ele mesmo confidenciou à amante. [...] A perspectiva de Luiz Garnica de ter que partilhar o patrimônio, especialmente o apartamento do casal, e a necessidade de se reestruturar financeiramente para suportar os custos de uma nova moradia ou compensar a cota parte de Larissa, revelou uma das motivações determinantes para a eliminação da vítima", destaca o documento. Com isso, ainda conforme a denúncia, Garnica procurou a mãe, que também passava por problemas com dívidas, para participar do crime. Assim como já indicado pela Polícia Civil durante o inquérito, Nicolino reforçou que foi Elizabete a executora do assassinato. "O interesse inicial era do Luiz, quem arquitetou o plano foi o Luiz. Como os interesses eram convergentes, eles [mãe e filho] acabaram elaborando esse plano. [...] A Larissa foi sendo envenenada ao longo de dez, 15 dias, em doses menores. Naquela sexta-feira, a Larissa manifestou o desejo de, já na segunda-feira, procurar um advogado, ali seria o final do relacionamento e a consequente partilha de bens. A Elizabete vai até o apartamento e dá uma nova dose [de veneno], presumimos que mais forte, porque a moça veio a morrer de madrugada." Agora, a Justiça irá analisar a denúncia e decidir se torna réus Elizabete e Garnica. Ao g1, a defesa dos denunciados informou que ainda não teve acesso à denúncia e que irá se manifestar depois de isso acontecer. Luiz Antônio Garnica, Larissa Rodrigues, Elizabete Arrabaça, Ribeirão Preto, SP Reprodução/g1 Cena do crime alterada e simulação O Ministério Público também apontou que Luiz Garnica fez alterações no apartamento quando encontrou a esposa morta. Entre essas mudanças o promotor destaca que o médico usou álcool para limpar a superfície e panos com sangue. Além disso, Nicolino ressaltou que Garnica mentiu ao dizer que havia realizado manobras para ressuscitar a vítima. Para o promotor, a simulação foi feita pelo suspeito para atrapalhar as investigações. "O Luiz passa para a amante, por mensagem, que a Larissa já estava morta e depois produziu toda aquela teatralidade, como se estivesse surpreendido pela morte dela, dizendo que ela tinha sinais vitais e que ele fez manobras de ressuscitação. É muito importante dizer que a médica do Samu não viu sinais de manobras de ressuscitação. Isso está de acordo com o que apuramos." Garnica e a mãe cumprem prisão temporária, mas a Justiça já analisa um pedido da Polícia Civil para converter essa prisão em preventiva. Dinheiro e raiva podem ter motivado crimes de mulher contra amiga, nora e filha Série de crimes Elizabete também é investigada pela morte da própria filha, Nathália Garnica, e por suspeita de envenenamento de Neusa, uma amiga de longa data, por causa de um colar. Essas investigações seguem em andamento na Polícia Civil. A polícia acredita que os crimes cometidos pela mulher, de 68 anos, nos últimos anos tenham tido como motivação principal o dinheiro e a raiva. Segundo o delegado José Carvalho de Araújo Júnior, é possível que Elizabete tenha cometido dezenas de crimes ao longo da vida, com sobreviventes ou não. "Dinheiro e raiva podem ter sido a motivação. Teve momentos de muita raiva da filha e do caso dessa amiga que depôs hoje [segunda-feira]. A gente acredita que, realmente, ela não fez só esses casos. Pelo tempo de vida que ela tem e pela forma como ela reagiu a tudo até agora, mostra ser uma pessoa que tem traços seríssimos de transtorno." O delegado disse que vai investigar todos os casos que surgirem com relatos semelhantes envolvendo Elizabete. Um inquérito para apurar a morte da cachorra de Nathália, que estava sob os cuidados de Elizabete quando morreu, também foi aberto. "Achamos muito difícil que essa pessoa tenha começado a cometer esses crimes agora nessa idade. É bem possível que existam casos anteriores e nós vamos investigá-los assim que tivermos conhecimento, estamos investigando todos os casos que aparecem de pessoas que trazem relatos semelhantes." Indiciamento e investigação Suspeita de envolvimento nas mortes da própria filha, Nathália, e da nora, a professora de pilates Larissa, Elizabete virou alvo das investigações da Polícia Civil e do Ministério Público principalmente porque, nos dois casos, esteve com as vítimas um dia antes de elas aparecerem mortas. Os casos aconteceram em um intervalo de um mês e chegaram a ser tratados como morte natural. No entanto, laudos toxicológicos apontaram a presença de chumbinho tanto no corpo de Nathália quanto no corpo de Larissa. Nathália morreu no dia 9 de fevereiro deste ano, em Pontal. Inicialmente, a polícia tratava o caso como morte por conta de um infarto, mesmo ela não tendo histórico de doenças cardíacas. Já Larissa foi encontrada morta pelo marido, Luiz Antônio Garnica, na manhã de 22 de março, em Ribeirão Preto. A proximidade das duas mortes e as circunstâncias, uma vez que nenhuma das vítimas tinha problemas de saúde, chamaram a atenção das autoridades e os dois casos passaram a ser investigados de maneira paralela. Elizabete e Luiz foram indiciados na sexta-feira pelo assassinato de Larissa. As investigações sobre a morte de Nathália ainda não foram concluídas. Nathália Garnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP Reprodução/g1 Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/07/01/ministerio-publico-denuncia-por-feminicidio-marido-e-sogra-de-professora-morta-envenenada-no-interior-de-sp.ghtml


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