Corpo de menina achada morta em quintal é enterrado no interior de SP; mãe e padrasto confessaram crime
15/10/2025
(Foto: Reprodução) Justiça mantém prisão temporária de mãe e padrasto que confessaram morte de criança
A menina de cinco anos achada morta e enterrada no quintal de casa em Itapetininga (SP) foi sepultada na tarde desta quarta-feira (15). O corpo de Maria Clara Aguirre Lisboa foi encontrado na terça-feira (14), em estado avançado de decomposição, o que impediu a realização de velório. A mãe e o padrasto estão presos e confessaram o crime.
O sepultamento ocorreu no Cemitério Colina da Paz, e somente familiares do pai biológico acompanharam o enterro.
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O tio da menina, Cláudio Júnior, contou que a família paterna tentou obter a guarda da criança e, por isso, procurou o Conselho Tutelar e a Polícia Civil.
Sem velório, menina achada morta no quintal é enterrada em Itapetininga (SP)
Reprodução/TV TEM
O Conselho Tutelar informou que Maria Clara Aguirre Lisboa estava sob os cuidados da mãe, Luiza Aguirre Barbosa da Silva, e que já haviam sido aplicadas medidas protetivas para orientar e acompanhar a família. O órgão não detalhou quais medidas seriam essas.
O Conselho Tutelar ressaltou que não tem poder para retirar a guarda de uma criança, cabendo essa decisão à Justiça. Segundo o órgão, foram feitas diversas tentativas de contato com a mãe por telefone e em visitas aos endereços cadastrados, mas todas sem sucesso.
"O boletim de ocorrência foi registrado no mesmo dia em que o órgão recebeu denúncia sobre a possível morte da criança, em 8 de outubro", diz o comunicado.
'A menina morreu já'
Padrasto mandou áudio a pai falando que menina enterrada em quintal estava morta
Antes da prisão, o padrasto da menina enviou um áudio ao pai biológico dela falando que a garota estava morta e que, com isso, havia acabado o vínculo dele com a mãe da criança. Ainda na mensagem, o suspeito pediu ao pai que parasse de "encher o saco" dele e da mãe da criança (ouça acima).
Segundo a avó paterna da garota, Vanderleia Monteiro do Amaral, de 50 anos, o suspeito do assassinato mandou o áudio há duas semanas pelo telefone de Luiza, a mãe da criança. No registro, ao qual o g1 teve acesso, Rodrigo parece ficar irritado com a situação e pede para que Luiza confirme se Maria Clara estava morta.
"Fale a verdade para o cara [pai da Maria Clara]", pediu Rodrigo. "Tô falando para você já, pare. A menina morreu já", completou Luiza para o pai da menina.
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Padrasto encaminhou áudio para o pai biológico da criança dizendo que a menina já estava morta
Vanderleia Monteiro do Amaral/Arquivo pessoal
Em outro momento, em tom de ameaça, o suspeito diz ao pai que não há mais vínculo entre ele e a ex-companheira, pois a filha deles já "não existe mais".
"Mano, você é surdo também, cara? Não me irrite não, parça. Já falei, parça. Não vou nem mais responder você, mano. Já falei, sua filha está morta, não existe mais, parça. Pare de ficar enchendo o saco, entendeu? Para de mandar mensagem, falou?".
"Eu não vou perder mais meu tempo, falou? Porque é o seguinte... você não tem mais nenhum vínculo com a Luiza, certo? Não tem filho, não tem mais nada, certo? Ele já tá morto. Então, eu preciso nem gastar saliva com você, nem responder você. Nem a família sua, falou?", completou Rodrigo no áudio enviado.
Padrasto e mãe suspeitos de matar menina de 5 anos e enterrar corpo em quintal de casa, em Itapetininga (SP)
Reprodução
Ao g1, a avó Vanderleia contou que as gravações foram enviadas ao filho dela. Ela conta que o padrasto chamava Maria Clara de "marota" e mimada e dizia que ela era mal-educada, culpando a família paterna pelo comportamento da menina.
Nas vezes em que a criança visitou sua casa, aos fins de semana, a avó percebeu marcas de agressões com uso de força nos punhos da menina.
Segundo a Polícia Civil, a menina sofria agressões frequentes da mãe e do padrasto. O áudio foi acrescentado ao inquérito policial.
Polícia pede prisão de mãe e padrasto por morte de menina de 5 anos em Itapetininga
Corpo enterrado e concretado
Segundo o delegado Franco Augusto, o corpo de Maria Clara foi encontrado no quintal da casa do padrasto. Os dois demoraram cerca de dois dias após o homicídio para enterrar o corpo, e o local foi concretado para ocultar o crime.
Ainda conforme o delegado, o padrasto já tinha histórico criminal e torturava psicologicamente a criança e a mãe dela, utilizando a menina como forma de pressão, além de agredi-la fisicamente.
O casal admitiu à polícia que a menina "atrapalhava" a vida deles e que descontava a frustração e a raiva na criança. Durante as agressões, foi utilizada uma britadeira, ferramenta apreendida pela polícia com manchas de sangue.
As primeiras informações da perícia indicam que o corpo de Maria Clara estava enterrado havia aproximadamente 20 dias.
Mãe e padrasto confessaram que mataram Maria Clara e concretaram o corpo no quintal de casa em Itapetininga
Vanderleia Monteiro do Amaral/Arquivo pessoal
Denúncia ao Conselho Tutelar
O caso começou a ser investigado após uma denúncia feita ao Conselho Tutelar pela avó Vanderleia, que comunicou o desaparecimento da menina. Inicialmente, a polícia não trabalhava com a hipótese de homicídio.
Rodrigo e Luiza foram localizados também na terça-feira, mesmo dia em que o corpo foi encontrado, e levados à delegacia, onde confessaram o crime. Eles passaram por audiência de custódia nesta quarta-feira (15) e foi ratificada a prisão de ambos. O padrasto foi transferido para a cadeia de Capão Bonito (SP). Já a mãe seguiu para Votorantim (SP).
A Polícia Civil investiga também a responsabilidade dos pais de Rodrigo, que moravam no local e são os donos da casa onde o corpo foi encontrado.
Veja cronologia do caso da menina morta pela mãe e padrasto em Itapetininga (SP)
arte/g1
Criança é encontrada morta no quintal da casa do padrasto em Itapetininga
Reprodução/Redes sociais
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